sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Microrrevolução #7 - Editora Popular Abadia Catadora





A partir da oficina de edição de livros oferecida por integrantes da editora argentina Eloisa Cartonera, em novembro de 2011, um grupo de moradores e moradoras da cidade Estrutural/DF resolveu montar sua própria editora.
A palavra cartonero designa catador de lixo, a partir do significado original de cartón (papelão), um dos materiais recolhidos para reciclagem. A editora Eloisa Cartonera tem justamente como proposta editorial a produção de livros artesanais, feitos a partir de papelão reciclado. Cada livro é único, expressão artística singular.
Em 27 de dezembro passado, representantes do Fundo de Microrrevoluções reuniram-se no Ponto de Memória da Estrutural com os integrantes da Editora Popular, ocasião em que estes realizaram exposição sobre o empreendimento que estão iniciando.
A região da Estrutural, cidade-satélite com menor IDH do DF, começou a ser ocupada, nos anos 1960, a partir da fixação de pessoas atraídas pela atividade de reciclagem no lixão que existe naquela localidade.
Muitos dos moradores que participam da Oficina integram o Ponto de Memória da Estrutural, projeto que busca a valorização da comunidade por meio do resgate de sua memória e identidade.
Assim, do encontro entre Eloisa Cartonera e Ponto de Memória da Estrutural surge uma iniciativa única, original e promissora, por diferentes motivos:
1) permite a popularização da leitura, com a disponibilização de livros na comunidade;
2) possibilita a interação da comunidade, por meio do estímulo a sua criatividade;
3) representa o desenvolvimento de um ofício, com geração de trabalho e renda;
4) desenvolve a cidadania e o espírito participativo, uma vez que o empreendimento funciona por meio da autogestão e dos princípios de economia solidária;
5) estimula a consciência ecológica, uma vez que os livros são desenvolvidos a partir de material reciclado;
6) valoriza a identidade da comunidade, que passa a estimular o desenvolvimento de artistas e escritores.
A oficina da Eloisa Cartonera na Estrutural, ponto de partida para a idéia da Editora Popular, foi viabilizada pelo diplomata argentino Gonzalo Entenza, que já promoveu dois eventos na Embaixada da Argentina, onde a Editora expôs seu trabalho e comercializou seus livros.
Em nossa reunião, foi explicado ao pessoal do Ponto de Memória o projeto Microrrevoluções e todos ficaram entusiasmados com uma futura colaboração.
Nesse momento, estamos aguardando uma lista de insumos que a Editora necessita para desenvolver seus próximos projetos. Preliminarmente, identificamos como prioridades materiais destinados às seguintes finalidades:
1) oficinas – literária e artística – que serão oferecidas aos integrantes da editora;
2) confecção dos próximos lançamentos editoriais;
3) equipar o Ponto de Memória, onde funciona a Editora.
Em 12.01.2012 organizamos uma oficina de aquarela com a artista Maria Pacca para iniciar a arrecadação para essa iniciativa.